sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Remebers

O que me consome todos os dias é minha própria cabeça, meus próprios pensamentos. Porque já fiz muita coisa errada, e sempre me pego pensando como seriam as coisas se eu tivesse feito as coisas de outra forma. Isso me atormenta ao extremo. Eu também já fiz coisas boas, já me diverti muito. Aproveitei tudo quase ao máximo (eu tenho uma timidez que me impede de fazer coisas simples). Mas sempre falta alguma coisa. E eu sinto falta de coisas que seriam capazes se eu fosse menos orgulhosa, tivesse menos medo de não ser perdoada, ou de ouvir um "não". No fundo, eu sofro por não conseguir levar adiante atitudes que me fariam não sofrer mais. Complicado, não!?

Eu tenho a consciência pesada. Eu nunca matei ninguém, nem destrui um lar, mas não soube dar valor em algumas pessoas e algumas situações. E esse é o problema: eu não tenho uma máquina do tempo pra voltar e fazer as coisas um pouco diferentes. E no fim, quando eu acabo tendo oportunidades, eu persisto no erro que só vou notar quando já passou. E aí, como fugir dos meus próprios pensamentos? Como lutar contra mim mesma? É o duelo da razão com o emocional. Quem é o certo? Como agir? Porque solução para os problemas alheios, todo mundo tem, inclusive eu. Sou uma conselheira de mão cheia, sempre aconselho o mais sensato, mas não sei guiar minha própria vida. E não digo, e não quero escutar também, porque muita gente fala, fala, fala, como se isso fosse resolver alguma coisa. A mudança tem que acontecer aqui dentro. Tem que partir de mim. Mas eu não tenho o estímulo, a força propulsora pra tal mudança. E fica tudo assim, meio morno, meio cinza, eu fingindo que tá tudo bem, e o mundo fingindo que tá imutável. Aí, o tempo implacável, vai passar e me mostrar o quanto eu perdi por esperar o milagre e a força brotarem do chão. Nessas horas, dormir me parece o melhor à fazer, porque pelo menos assim, minha cabeça não dói de pensar tanto e não tomar nenhuma atitude. E quando eu tiver 50 e tantos anos, eu vou querer fazer tudo que não fiz ainda. Será que eu tenho pressa de viver?

Não me sinto triste. Não, pelo contrário. É uma felicidade artificial, meio letárgica, mas dá pra levar. Só não quero piedade, porque ainda sou uma pessoa, e sinto nojo de quem nutre pena por mim. Porque a pena, a piedade e o desprezo são piores do que um tapa na cara. Eu já levei um tapa na cara, e me senti um verme. Não quero sentir isso nunca mais.

Esse post é de três anos atrás. Lendo-o, achei que tinha escrito há poucos dias. Sinal de que o tempo passa mas certas coisas nunca mudam...

Nenhum comentário: